Nem toda desatenção é TDAH: entendendo as diferenças

Desatenção nem sempre é TDAH. Na verdade pode se tratar de outros transtornos mais comuns, como depressão ou ansiedade. Neste texto eu quero te trazer informações relevantes e necessárias sobre TDAH. Entenda as causas mais comuns e saiba quando buscar ajuda médica com um psiquiatra especialista.

Dr Martinez Neto | Psiquiatra

8/7/20253 min read

Introdução

Nos últimos anos, tem crescido de forma expressiva o número de pessoas que se identificam com sintomas de desatenção e passam a suspeitar de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Esse aumento é influenciado, em parte, pelo fácil acesso à informação (e desinformação) nas redes sociais e pela popularização do tema.

O TDAH é, de fato, um transtorno psiquiátrico reconhecido, que pode comprometer a vida pessoal, acadêmica e profissional de quem o apresenta. No entanto, é importante destacar que nem toda dificuldade de concentração ou memória indica TDAH. Muitas vezes, esses sintomas estão relacionados a outros transtornos, como ansiedade, depressão ou distúrbios de sono — que são muito mais comuns e igualmente importantes.

Neste texto, quero te ajudar a entender melhor o que é o TDAH, porque a desatenção pode ter várias causas e quando é o momento certo de buscar ajuda profissional.

O que é TDAH e qual sua real prevalência?

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta desde a infância e continua na vida adulta. Ele é caracterizado por sintomas de desatenção, impulsividade e/ou hiperatividade. Existem três subtipos: o predominantemente desatento, o predominantemente hiperativo-impulsivo e o combinado.

Na população adulta, a prevalência estimada do TDAH é 2,5%. Ou seja, é um transtorno relativamente raro quando comparado com a prevalência de outros transtornos mais comuns que também afetam o foco, memória e produtividade, por exemplo, à ansiedade (cerca de 17% a 30% da população mundial ao longo da vida) e à depressão (prevalência de cerca de 17% no Brasil ao longo da vida).

Muitas pessoas que se identificam com sintomas de TDAH acabam, na verdade, sofrendo com outros quadros clínicos que também interferem na atenção — e que podem ser tratados desde que o diagnóstico seja feito de forma correta.

Outras causas comuns de desatenção

É comum ouvir frases como “minha mente não para”, “não consigo focar em nada”, “esqueço das coisas com facilidade”. Esses relatos podem, sim, fazer parte do TDAH — mas também são extremamente frequentes em outros transtornos.

Veja abaixo algumas causas mais comuns de desatenção:

  • Transtornos de Ansiedade: o cérebro ansioso está sempre em estado de alerta, o que dificulta a concentração.

  • Depressão: a lentificação cognitiva e o desinteresse prejudicam o foco e a memória.

  • Estresse crônico e esgotamento: sobrecarga mental reduz a capacidade de manter a atenção.

  • Transtornos do sono: insônia e Síndrome da Apneia obstrutiva do Sono (SAOS) impactam diretamente na função cognitiva.

  • Uso de substâncias ou medicamentos: álcool, cafeína em excesso, remédios sem prescrição podem afetar o desempenho mental.

Em muitos desses casos, ao tratar a causa principal, os sintomas de desatenção desaparecem — sem a necessidade de usar medicações específicas para o TDAH, pois na verdade, tratava-se de outro transtorno psiquiátrico.

TDAH ou outro transtorno? Como diferenciar?

Abaixo, listo alguns sinais que ajudam a diferenciar o TDAH de outras condições. Claro: essa diferenciação só pode ser feita com segurança por um profissional capacitado.

Sinais mais típicos de TDAH:

  • Dificuldade de foco presente desde a infância

  • Histórico de baixo rendimento escolar ou dificuldade de organização desde cedo

  • Tendência à impulsividade (agir sem pensar, interromper conversas)

  • Inquietação motora ou mental frequente

  • Esquecimentos mesmo em tarefas simples e cotidianas

  • Dificuldade em manter tarefas do início ao fim

Sinais mais compatíveis com outras causas:

  • Dificuldade de foco surgiu na vida adulta

  • Desatenção relacionada a fases de estresse ou tristeza

  • Problemas de memória e concentração em períodos de insônia

  • Episódios de ansiedade, palpitações, sensação de “mente acelerada”

  • Cansaço extremo e perda de interesse em atividades diárias

  • Melhora dos sintomas com descanso ou férias

Quando é hora de buscar ajuda?

Se você sente que a sua dificuldade de concentração está afetando sua produtividade, seu bem-estar ou seus relacionamentos, é hora de procurar um psiquiatra. O diagnóstico do TDAH (ou de qualquer outro transtorno) não deve ser feito com base em testes rápidos da internet ou vídeos de redes sociais.

É preciso ouvir a sua história com atenção, entender quando e como os sintomas surgiram, e diferenciar com cuidado as possíveis causas. Somente assim é possível traçar um plano de tratamento eficaz, seguro e que respeite sua individualidade.

Conclusão

A desatenção é um sintoma real, que precisa ser acolhido e tratado — mas isso não significa que todo mundo que sente dificuldade para se concentrar tenha TDAH.

Evitar o autodiagnóstico é o primeiro passo para não cair em tratamentos equivocados. O mais importante é buscar avaliação profissional, com escuta qualificada e abordagem baseada em evidências.

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Se você ou alguém que conhece tem sofrido com dificuldade de foco, produtividade ou memória, agende uma avaliação médica especializada. O diagnóstico correto faz toda a diferença no seu bem-estar e desempenho.

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